SURDEZ EM IDADE PEDIÁTRICA

A incidência de surdez é 1 a 3 em cada 1000 recém-nascidos, o que a torna numa das mais frequentes malformações ao nascer. A incidência de surdez aumenta durante a infância e pode atingir cerca de 31 em cada 1000 adolescentes.

A surdez pode ser dividida em surdez de condução ou neurossensorial. A surdez de condução resulta da obstrução da transmissão de som para o ouvido interno e pode ser causada por: doenças do ouvido externo (pavilhão e canal auditivo) ou doenças do ouvido médio (tímpano, ossículos ou ocupação do ouvido médio). A surdez neurossensorial resulta de doenças que afetam o ouvido interno ou que afetam as vias de transmissão da informação auditiva para o cérebro.

A otite media aguda com efusão (OME), é a forma mais comum de surdez na infância e resulta da acumulação de muco no ouvido médio, impedindo a vibração do tímpano. A sua causa é complexa e resulta da combinação de vários fatores como: má função da trompa de Eustáquio, otites de repetição, hipertrofia das adenoides, má higiene nasal, predisposição genética, etc. Esta doença atinge cerca de 20-25% das crianças com 2 anos de idade e cerca de 8% das crianças com 7 anos de idade.

Muitas crianças passam por períodos de OME após constipações e cerca de 50% destas resolve espontaneamente até 3 meses, no entanto, devem ser vigiadas e confirmada a recuperação auditiva. O tratamento médico é importante e tem como foco a desobstrução nasal e os exercícios de auto insuflação. No caso da OME permanecer por mais de 3 meses e causar uma perda auditiva significativa deve ser considerado o seu tratamento cirúrgico. A persistência da perda auditiva por OME provoca perturbações da linguagem e da concentração, alterações comportamentais e atraso na aprendizagem. A longo prazo causa alterações do processamento auditivo central.

A perfuração timpânica é uma causa de surdez de transmissão e pode resultar de otites de repetição, traumatismo ou ocorrer após tubos de ventilação. As perfurações podem fechar espontaneamente até 3 meses. As persistentes devem ser encerradas cirurgicamente a partir da idade escolar (6-7anos).

O tratamento da surdez neurossensorial procura minimizar as consequências da perda auditiva, melhorar a comunicação e aumentar a audição com recurso a aparelhos auditivos ou implantes cocleares. É essencial que o diagnóstico e tratamento desde tipo de surdez ocorra nos 3 primeiros anos de vida. Mesmo nos casos de um só ouvido afetado é importante tratar para permitir à criança uma correta localização do som e a comunicação em ambientes ruidosos.

Se a perda auditiva for severa as crianças devem ser referenciadas para implante coclear (IC). O IC permite um considerável ganho na perceção das palavras, na atenção aos estímulos do meio, no desenvolvimento da linguagem e da comunicação com os pares, redução dos zumbidos e aumento da qualidade de vida e da autoestima da criança.

O tratamento adequado e atempado do défice auditivo na infância é essencial para a criança desenvolver todas as suas capacidades.Existe atualmente reabilitação auditiva para praticamente qualquer tipo de perda auditiva desde que atempadamente diagnosticada.
Para um melhor acompanhamento e tratamento, marque a sua consulta e tire as suas dúvidas com os nossos especialistas.

Redigido por Dr. Nuno Marçal (OM45825), Coordenador de Otorrinolaringologia no Trofa Saúde Hospital em Braga Sul e em Braga Centro.

Fonte: Hospital Trofa Saúde – Noticias e Eventos

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